O consumo de uma xícara de chocolate amargo enriquecido pode ajudar diabéticos a prevenir doenças cardíacas, segundo um estudo conduzido por cientistas alemães.
O estudo, publicado na revista científica Journal of the American College of Cardiology, sugere que compostos conhecidos como flavonóides, presentes no cacau, principal ingrediente do chocolate, seriam os responsáveis pela ação benéfica da bebida.
Os flavonóides impulsionam o aumento da produção de óxido nítrico - uma substância química produzida pelo corpo que atua no relaxamento e dilatação das artérias.
Os cientistas ressaltaram que a função arterial é geralmente prejudicada pela diabetes por causa do alto nível de açúcar no sangue, que impede a dilatação das artérias e pode resultar em um aumento na pressão arterial.
De acordo com os resultados da pesquisa, o consumo de chocolate - considerado um alimento a ser evitado por pacientes diabéticos - enriquecido com flavonóides, demonstrou ser eficaz na normalização das funções arteriais dos diabéticos, o que ajudaria a prevenir doenças cardíacas.
Efeitos
Para realizar o estudo, os cientistas alemães desenvolveram um tipo especial de chocolate com alta concentração de flavonóides.
A equipe testou os efeitos do consumo em um grupo de dez pacientes diabéticos, que tomaram um copo do chocolate enriquecido, três vezes ao dia, durante um mês.
Os cientistas avaliaram os efeitos do consumo através da dilatação fluxo-mediada das artérias, um exame que registra as variações no fluxo sangüíneo. Segundo os resultados observados pela equipe, a habilidade de dilatação das artérias aumentou quase que imediatamente após o consumo da bebida.
De acordo com a pesquisa, as artérias de uma pessoa normal são capazes de dilatar cerca de 5%. No caso dos pacientes diabéticos, essa capacidade foi registrada em 3,3% antes da ingestão da bebida.
No entanto, duas horas depois de consumirem o chocolate, essa capacidade aumentou, em média, para 4,8%. Quando avaliados depois dos 30 dias, os pacientes demonstravam 4,1% de capacidade de dilatação mesmo antes de ingerir a bebida, e em média 5,7% quando avaliados depois de duas horas do consumo.
"Nossa pesquisa demonstra que uma os flavonóides podem ter um impacto importante como parte de uma dieta saudável na prevenção de complicações cardiovasculares em pacientes diabéticos", disse Malte Kelm, do Hospital Universitário de Aachen, que liderou o estudo.
Alerta
O pesquisador ressalta, no entanto, que sua pesquisa não é sobre o chocolate, mas sobre os flavonóides.
Um porta-voz da ONF Diabetes UK, que trabalha com pacientes diabéticos, os resultados do estudo são "interessantes", mas é preciso tomar cuidado.
"Os flavonóides parecem oferecer potenciais benefícios para as pessoas com diabetes, mas, nesse estágio, não podemos aconselhar os pacientes a começar a tomar uma quantidade grande de chocolate quente, pois a bebida pode ser rica em açúcar e gordura", disse.
"É preciso que mais pesquisas avaliem, a longo prazo, os efeitos de consumir um nível tão elevado de flavonóides", alertou.
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